O AECT (Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial) Rio Minho, vai pedir aos governos de Portugal e Espanha para que reabram novos pontos de passagem na fronteira de ambos os países de forma a “aliviar” a economia daquela região afetada pela Covid-19. O diretor do AECT Rio Minho, Uxío Benítez refere o seguinte, no comunicado enviado à agência lusa:

“Há necessidade de reabrir novas travessias fronteiriças como medida de alívio para as economias locais e, sobretudo, para os trabalhadores transfronteiriços que, diariamente, têm de se deslocar quilómetros para aceder aos seus postos de trabalho.”


Atualmente o controlo temporário das fronteiras terrestres com a vizinha Espanha está a ser realizado desde as 23:00 do dia 16 de Março ao longo de nove pontos de passagem autorizada, sendo que o SEF (Serviço de Estrangeiro e Fronteiras) é a entidade responsável pelo controlo que a par com a GNR, esta fica com o controlo da circulação rodoviária.

O deputado da Cooperação Transfronteiriça da Província de Pontevedra alertou durante uma reunião daquele agrupamento, realizada na terça-feira através de videoconferência, onde participaram os presidentes das câmaras das duas regiões transfronteiriças.

No encontro marcaram também presença a presidente da província de Pontevedra, Carmela Silva, e representantes da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, que “demonstraram a sua preocupação com as atuais circunstâncias, oferecendo-se para fazer chegar a mensagem do AECT Rio Minho às entidades competentes dos Governos de Portugal e Espanha”.

“Neste momento, a única fronteira aberta no território é a de Tui e Valença, que agora concentra cerca de 44% do total da mobilidade entre Espanha e Portugal, sendo com elevada diferença a que mais movimento regista no total das nove travessias fronteiriças permitidas entre os dois estados”, sustentou Uxío Benítez.

O responsável explicou que o objetivo não passa por “abrir as fronteiras para que circule qualquer pessoa, mas melhorar as condições da população que mais está a sofrer com o duplo golpe da pandemia, por se encontrar na fronteira e num território com fortes relações”.

Segundo a presidente da Câmara de Tomiño, Sandra González, citada na nota, “alguns trabalhadores transfronteiriços fazem, obrigatoriamente, viagens de mais de 60 quilómetros, de ida e volta, para poderem chegar às zonas industriais ou empresas, situadas uma escassa distância dos seus domicílios”.

“Esta situação, que afeta a uma população com um nível económico médio/baixo, está a obrigar alguns destes trabalhadores a abandonarem os seus postos de trabalho devido ao aumento dos custos de deslocação que são incompatíveis com o valor dos salários que, às vezes, não ultrapassam os 600 euros”, reforçou a autarca, apoiada pela colega de Salvaterra do Minho, Marta Valcárcel, que propôs “uma abertura parcial, por exemplo, em vários horários” como “solução imediata” para minimizar o impacto da reposição de fronteiras entre os dois países.

A reunião realizada na terça-feira decorreu no âmbito de um estudo sobre o impacto socioeconómico que o encerramento de fronteiras provocado pela pandemia do covid-19 está a ter sobre o território transfronteiriço do Rio Minho, e cujas “conclusões serão transmitidas, esta semana, aos governos e ministérios competentes de ambos os países para que sejam analisadas e se possam aplicar as decisões mais adequadas”.

A necessidade de coordenação entre os governos dos dois países sobre o levantamento das medidas de confinamento social, foi outro dos pontos abordados na reunião, com Uxío Benítez a defender que a adoção de “ritmos diferentes” em Portugal e Espanha “poderá provocar fricções num território em que a interdependência económica é muito forte”.

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